Academia Cbn - Mario Sergio Cortella

Precisamos estar atentos às referências que nos fazem ir além, ultrapassar o óbvio. É necessário que sejamos capazes de não mergulhar na mediocridade, aquela velha e danosa história de se contentar com o menor esforço. Fuja do 'dá para o gasto', sempre.

É comum nos depararmos com pessoas que recebem algo que, de fato, não mereciam. Ela é encarregada de uma tarefa, mas não tem o perfil para cumprí-la. Em muitos casos, essas pessoas não percebem que é preciso uma melhora. "Poucas vezes quem ganha o que não merece, agradece o que ganha".

Mario Sergio Cortella fala sobre a percepção de que as coisas 'estão ruins, mas ainda podem piorar', presente nas relações de afeto, no trabalho, na política e na economia. Segundo ele, no entanto, esse 'prognóstico fatalista' nem sempre se concretiza, mas é preciso prestar atenção aos fatores que podem levar a essa piora, de modo a interrompê-los.

Conforme os meses vão passando e começa um novo período, a percepção é a de que se perdeu tempo, e que a vida se esvaiu. Mas, segundo Mario Sergio Cortella, é necessário ter cautela com esse pensamento, porque nunca é impossível se reinventar e buscar um novo caminho.

Mario Sergio Cortella fala sobre a ideia do 'estou contigo e não abro', que diz respeito ao apoio exagerado a uma ideia ou pessoa, com a intenção de desfrutar daquilo que ela pode oferecer como favor ou vantagem. Nesse sentido, ele lembra do que escreveu Mariano José Pereira da Fonseca, o Marquês de Maricá, na obra 'Máximas': 'adular os tolos é um meio ordinário de os desfrutar. Os velhacos o empregam eficazmente'.

Segundo Mario Sergio Cortella, precisamos ter consciência de aquilo que falamos não necessariamente coincide com a nossa prática. O professor afirma que a ética 'precisa ser mais bem balizada' para que a gente tenha a ideia clara de que 'a construção da decência é um passo mais complexo do que a mera manifestação' das nossas crenças e opiniões.

Mario Sergio Cortella analisa a postura de algumas pessoas que se manifestam de forma exagerada para dar visibilidade àquilo que fazem, mesmo que a ação seja vazia de conteúdo. Segundo ele, isso é muito comum numa sociedade que aprecia a noção de espetáculo e acontece mesmo em pequenos grupos ou na dimensão pública.

Quando simplesmente aceitamos que nada pode ser feito para mudar as coisas, assumimos uma posição de 'passividade quase covarde', segundo Mario Sergio Cortella. Para o professor, esse tipo de acomodação pode até trazer serenidade, mas é danosa porque acaba trazendo à tona a incapacidade de rejeitar aquilo que pode ser rejeitado e de construir o que pode ser construído.

Algumas pessoas argumentam que não há intencionalidade naquilo que resulta no desastre da vida. E, portanto, o acaso tem uma interferência muito grande na nossa existência. Ferdinando Galliani, entretanto, um dia escreveu: "Se o mundo fosse realmente governado pelo acaso, não haveria tantas injustiças". Ou seja, aquilo que é injusto no nosso mundo resulta de uma intenção humana.

Mario Sergio Cortella recomenda levar em conta pessoas que discordam da gente, porque, em muitos momentos, elas podem estar corretas e podem nos ajudar a fazer algo melhor. Ele lembra que a avaliação positiva, para ser considerada, dependerá muito de quem a faz.

Mario Sergio Cortella diz que a maior parte das pessoas não consegue partir sem fazer um relato da verdade, independentemente de qualquer concepção religiosa. Ele lembra que, quando há tempo para isso, quem faz essa revelação diz que não poderia partir com aquele peso, e que isso ajuda a trazer paz. Como dizia o poeta britânico Matthew Arnold, 'a verdade reside sobre os lábios dos moribundos'.

É o que acontece quando 'o princípio republicano acaba secundarizado por intenções implícitas'. Mario Sergio Cortella lembra que isso não é exclusivo do Brasil e já ocorreu várias vezes na História das nações. O comentarista destaca que o desequilíbrio entre os Três Poderes ou até o enfraquecimento das instituições levam ao que Rui Barbosa chamava de 'combinação hipócrita do absolutismo', que aparece dissimulada sob formas democráticas e republicanas.

Mario Sergio Cortella fala sobre o sofrimento que algumas pessoas passam quando não conseguem fazer aquilo que deveria ser feito. Segundo ele, esse desconforto grande aparece quando se idealiza uma maneira de agir, seja por causa de uma percepção religiosa, numa relação afetiva ou mesmo no modo de fazer negócios.

Mario Sergio Cortella fala sobre as pessoas que têm uma 'crença fraturada' porque acabam dividindo dentro de si aquilo que é seu modo de pensamento e a ação que desenvolve, ou seja, dizem uma coisa e agem de forma diferente. Mas, como disse Nathaniel Hawthorne, 'ninguém pode, por muito tempo, ter um rosto para si mesmo e outro para a multidão sem, ao final, confundir qual deles é o verdadeiro'.

Mario Sergio Cortella diz que isso pode acontecer num relacionamento, no trabalho ou mesmo nas instituições republicanas. Nesse último caso, segundo ele, é preciso ter muita cautela para não confundir informações tidas como 'segredo de Estado' com ações indecentes ou que rompem com a regra do convívio democrático.

Frase do escritor francês Georges Bernanos ressalta que 'não dá pra disfarçar o indisfarçável'. Para Mario Sergio Cortella, muita gente tenta dissimular aquilo que é muito evidente, colocando a verdade numa penumbra, mas modo de agir é hipócrita ou cínico.

Quem, quando criança, não disse "eu dou minha palavra"? Uma das maneiras até de se fazer o juramento era cruzar os dedos para não ter que cumprí-lo. A ideia de palavra de honra, nem sempre tem força. "As palavras de honra custam pouco".

Quando se pede segredo, é quase certo que esse segredo deixará de sê-lo. “O modo mais seguro de divulgar a todos alguma coisa, é cochilá-la no ouvido de um amigo, suplicando-lhe para não contá-la a ninguém”.

Aristóteles deixou pensamento muito citado e correto: 'embora ambos (Platão e a verdade) nos sejam caros, o dever moral nos impõe preferir a verdade'.

Mario Sergio Cortella comenta que muitas pessoas se veem melhores do que realmente são e, mesmo sendo vazias em sua condição de ação, se mostram poderosas. E lembra a frase do americano Eric Hoffer: 'a coisa mais difícil de esconder é aquilo que não existe'.